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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Pais e filhos: como lidar com a geração Y

Formar o caráter dos filhos é uma das tarefas mais prazerosas e ao mesmo tempo mais difíceis na vida dos pais. Ao longo dos anos as formas de ensinar valores e impor limites se modificaram. E se estivermos atentos a estas transformações, o processo se torna menos complicado.
Segundo uma pesquisa realizada pela Pew Research Center em agosto de 2009, os americanos revelaram que as diferenças entre as gerações "baby boomers" (nascidos entre 1946 e 1964) e "Y" (nascidos após 1980) se concentravam na maneira de utilizar as novas tecnologias (87%), nos gostos musicais (86 %), na ética de trabalho (80%), nos seus valores morais (80%); no respeito aos outros (78%), nos seus pontos de vista políticos (74%), nas atitudes em relação às diferentes raças e grupos (70%) e nas crenças religiosas (68%).
Outra diferença bastante acentuada entre as duas gerações diz respeito ao tempo dedicado à relação familiar. Quase metade dos entrevistados (48%) afirmou que passa mais horas com os filhos do que seus pais passavam com eles. "Nesta nova geração, mesmo com pai e mãe trabalhando o dia todo, há mais qualidade no tempo dedicado à família. Pais e filhos vão juntos ao supermercado, ao shopping, à igreja. Minha filha mesmo quando vai se reunir com as amigas leva o filho e ele fica lá, brincando no meio dos adultos", conta a especialista em comportamento humano, Roselake Leiros.
Antes pouquíssimas mães trabalhavam, o que, teoricamente, significaria passar mais tempo com os filhos. Mas não era bem o que acontecia. "O diálogo delas com os filhos era quase nulo. E quando os pais chegavam do trabalho, a situação piorava. Os pequenos eram excluídos das conversas sob a alegação de que aquilo não era assunto de criança. A TV calava a família e, dependendo da hora, os filhos eram obrigados a irem direto para a cama", lembra Roselake.
Novas maneiras de ensinar valores
Maus comportamentos que antes eram resolvidos apenas com olhares severos ou ameaças de chineladas hoje precisam de diálogos e planos bem estruturados para serem banidos do comportamento das crianças. Com o tempo cada vez mais escasso, e a paciência também, os pais de hoje preferem atender prontamente aos desejos dos filhos a terem que suportar seus chiliques.
Roselake alerta que o problema desta nova forma de relacionamento está no fato de os pais muitas vezes não saberem como impor limites. "Os filhos da nova geração não aceitam um simples ‘não’ como resposta. Não querem mais se calar. Eles têm necessidade de compreender, de entender o porquê das coisas. Porém, os pais precisam saber como atender e dosar estes questionamentos e impor regras. Sem esta base que começa em casa, os filhos vão sofrer muito na vida pessoal e profissional", afirma.
O fato é que os pais não estão conseguindo adequar seus conceitos às novas gerações e, por isso, fazem com que conflitos ganhem dimensões ainda maiores. Mas não precisa ser sempre assim. Para mostrar que é possível resolver estas diferenças de maneira saudável, a filósofa e Mestre em Educação Tânia Zagury lançou o livro "Filhos: Manual de Instruções" (editora Record).
De maneira simples e bem humorada, Tânia mostra que não é tão difícil assim lidar com o temperamento da geração Y. Mas ela deixa claro: "Este livro não é para pais preguiçosos, que descobriram que é trabalhoso demais cuidar dos filhos ou que estão chateados porque querem sair e não podem porque têm filhos".
A autora aborda temas que podem parecer simples ou corriqueiros para uns, mas que fazem uma diferença enorme quando entendidos - e praticados - corretamente. Como fazer o filho comer, falar e como colocar um ponto final nos chilique são alguns dos tópicos esmiuçados no livro. "Sempre há tempo de reverter a situação. Os filhos não esperam pais perfeitos, querem apenas que eles os respeitem e os validem. Errar é humano e a nobreza dos pais está justamente em reconhecer isso e usar de força e confiança na hora de propor mudanças", comenta Roselake.

Por Juliana Falcão (MBPress)

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