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sexta-feira, 8 de abril de 2011

Índios da Tribo Fulni-ô se apresentam em escolas municipais de Petrolina


Às vésperas do Dia do Índio, 19 de abril, comemoração criada em 1943 pelo então Presidente Getúlio Vargas e comemorado em todo o continente americano, 19 índios da Tribo Fulni-ô de Águas Belas – PE, que tem em seu total seis mil habitantes indígenas, visitaram Petrolina pela segunda vez no intuito de realizarem apresentações da sua cultura típica. A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo, Cultura e Eventos (SEDECTUR) de Petrolina apoia a vinda dos índios disponibilizando a logística, transporte e agendamento nas escolas municipais.
Na manhã de ontem (07), o grupo esteve na Escola Municipal Eliete Araújo demonstrando a sua cultura através de danças, músicas, artesanato e respondendo a curiosidade dos estudantes da escola que se mostraram muito entusiasmados com a presença da tribo. Para Isabel Eduarda, aluna do 4º ano, ver a apresentação foi muito interessante. “Gostei muito de conhecer a cultura deles”, afirmou. A coordenadora da escola, Odilonice Ramos, reiterou o discurso da criança e complementou ressaltando a singularidade do evento. “É um momento maravilhoso para os alunos, para que eles possam conhecer a vida, a organização, a cultura dos índios. Para a escola foi muito bom e as crianças ficaram encantadas. Foi uma experiência única”, destacou.

Um dos componentes do grupo, Cledilson Luna ou Thatxa (no idioma Yaathé), declarou que neste mês de abril, muitos índios da tribo Fulni-ô se espalham pelas cidades do Brasil, a exemplo de Brasília, Rio de Janeiro, Recife, principalmente, e fazem essas apresentações para, além de mostrar que a cultura deles está sendo resistente aos dias modernos, pois são a única tribo de Pernambuco que ainda mantêm seu idioma intacto e em uso, arrecadar alimentos não-perecíveis e renda através da comercialização dos produtos confeccionados por eles mesmos que chamam a atenção por seu colorido e perfeição nos traços. Os produtos são cestas, colares, arcos e flechas, pulseiras, anéis – tudo feito com materiais da natureza como tucum, penas, casca de coco, sementes, entre outros.

A Diretora de Cultura, Roberta Duarte, comentou a importância desse apoio que a secretaria está dando e o objetivo de que todos possam valorizar a cultura das minorias que são comunidades que não têm a real visibilidade da população tais como as quilombolas, indígenas e até mesmo estrangeiras. “É preciso trabalhar isso para diminuir a questão do preconceito, a discriminação e valorizar a cultura do outro. Ações como as de hoje não acontecem somente porque estamos próximo do Dia do Índio, mas sim como meio de valorização da cultura brasileira, afinal, somos o que somos devido a essa miscigenação do nosso povo”, ressaltou.

As escolas municipais visitadas pelos índios foram: Escola Nosso Espaço, Escola José Joaquim, Escola Mãe Vitória, Escola Eliete Araújo, Escola Laurita Coelho, Escola 21 de Setembro, Centro Municipal Dr. Washington Barros, Escola Miguel Arraes e Escola Professor Nicolau Boscardim. A próxima apresentação do grupo, com apoio da Sedectur, será na Tenda Cultural da Praça do Bambuzinho, no dia 16 deste mês, às 10h30. Lembrando que os Fulni-ô ficam na cidade até o dia 19, com a última apresentação no SESI, pois eles participam da Semana Santa reunindo-se todos na tribo para prestar homenagens à Nossa Senhora da Conceição.


Um pouco de história

Na língua indígena Yaathé, 'Fulni-ô' significa 'índio que mora na beira do rio'. Esta tribo é a união de cinco clãs que existiam espalhadas pela região de Águas Belas e que por causa da chegada do “homem branco” foram sendo assentadas em uma área que compreende cerca de 11.506 hectares. Os índios Fulni-ô têm aspectos sociorreligiosos bastante interessantes como o 'Ritual do Ouricuri', que consiste numa espécie de retiro de três meses (setembro a dezembro) em um lugar, ouricuri, onde homens e mulheres ficam afastados do convívio comum dançando, cantando e orando embaixo de um pé de Juazeiro que para eles guarda todos os segredos de sua crença.

Texto e Foto: Jaquelyne Costa

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